sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Um ato de fé

And I will walk on water, and You will catch me if I fall
And I will get lost into Your eyes, and everything will be all right
And everything will be all right
I know you didn't bring me out here to drown
Posso até colecionar várias dúvidas...
Posso até desconhecer tantas coisas...
Mas eu sei, eu sei que há alguém para me segurar,
há alguém para me ouvir quando eu gritar,
há alguém para me salvar quando a água me cobrir.
Porque eu sei que não nasci para me afogar,
eu nasci para andar sobre a água, nasci para voar.
Loucura dizer isso tudo?
Eu chamaria de um ato de fé.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Eu sei, mas nao devia!

Texto graaande, mas leiam.
Não é meu, mas é bonito... ou não...
O fato é que a gente cede e se acostuma
com o bonito, com o feio, enfim... eis o texto

EU SEI, MAS NÃO DEVIA'
Marina Colasanti
Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

(...)

A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.

(...)

A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Perspectivas


'Why can't you see that freedom is sometimes just simply another perspective away?'


Às vezes tudo parece certo, imutável, absoluto.
Parece.

Às vezes nos limitamos. Às vezes precisamos mudar, abandonar nosso antigo modo de pensar.Trocar nossas velhas e empoeiradas lentes, para vermos o outro lado das situações, aquilo que precisamos ver e muitas vezes o que nao queremos. Citando Fernando Pessoa: Modificar o nosso conceito do mundo é modificar o mundo para nós.

Opiniões diferentes nem sempre significam uma certa e outra errada. Poucos entendem isso. São apenas modos diferentes de se ver a mesma coisa, ângulos que se complementam... é preciso saber respeitar, expor e não impor as idéias.

Opiniões. Várias maneiras de ver o mundo, de senti-lo...

sábado, 2 de fevereiro de 2008


Precisa-se de um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Vinícius de Moraes


*Encontrei isso num blog por aí. Achei simplesmente sensacional.
Espero que gostem também (Y)